domingo, 20 de dezembro de 2009

O Nascimento


Os últimos meses têm sido uma chuva de emoções, boas, ruins, normais. O que me causa certo receio do amanhã imprevisível que está por vir!

Dado momento estava eu tomada por um vento, um vento frio na espinha, aquele ar gélido batendo sob minha face pálida, ao redor não via nada além de grossas camadas de gelo sob o chão, nenhum sinal de vida além da minha, éramos apenas eu e a imensidão escura. A única coisa que meus ouvidos me permitiam escutar eram os sons macabros e sombrios de uma noite mórbida que parecia não ter fim. Era como se não houvesse mais esperança, como se tudo fosse padecer em uma eterna escuridão coberta de neve.

Durante esta árdua caminhada obscura foi possível avistar pequenos filetes de luz, era o sol querendo nascer, utilizando todas as suas forças para romper a imensa escuridão e resplandecer toda a sua magia e beleza. Então o que antes parecia uma escuridão sem fim, revelou-se um grande manto branco que reluzia a luz do sol, após algum tempo, foi possível observar o gelo se derretendo lentamente e o caminho se mostrou de fato como ele era. Lindos campos cobertos de mantos floridos, cujo perfume que exalavam era capaz de fazer com que o tempo parasse. Os pássaros revelando a magia da vida em seus cantos, borboletas bailando majestosamente em movimentos delicados e sutis pelo lindo céu azul. E assim foi por um longo tempo.

Enquanto as flores ainda estavam cheias de vida, os pássaros cantando e as borboletas ainda bailavam no ar, um sopro forte e frio aproximou-se como num passe de mágica. Então o céu já não era mais lindo com sua cor azulada, foi tomado por uma coloração cinzenta, um aspecto pesado, medonho. Raios e trovões gritavam nos céus mostrando a sua fúria, exibindo seu poder de destruição, sua capacidade de amedrontar, de acabar com os sonhos. Logo a tempestade se desabou, afugentando os pássaros, as borboletas. Os furacões desceram dos céus, destruindo tudo que estavam em seu caminho sem dó nem piedade. Quando a tempestade cessou só sobrou bagunça, destruição, solidão e vazio.

Mesmo depois de tudo devastado e destruído, ainda foi possível observar no meio da terra revirada sob pedras e destroços uma delicada e pequenina folha com seu caule ainda fixo na terra. Uma folha de um verde intenso, exuberante e lindo. Mesmo com a destruição ao seu redor e sem nenhum outro sinal de vida por perto, esta pequena folha ainda possuía algo que a daria forças para lutar e tentar se erguer novamente, ela ainda possuía sonhos e esperanças.

E foi assim que eu nasci. Como a Estação das flores, que precede o inverno e antecede o verão, encontrando muitas tempestades e obstáculos pela frente.

Agora aguardo os dias seguintes, permanecendo inerte a esta confusão de pensamentos e sentimentos.